terça-feira, 27 de maio de 2008

olhos dos verdes

é porque o teu cheiro que fica quase entre a orelha e a nuca me sedou e eu quase que pude ser feliz de novo. você quase me fez esquecer do quanto o mundo é medíocre e as pessoas são egoístas e eu quase deixei de odiar o meu ódio de não ter nenhum problema interessante. e você quase me fez lembrar do quanto é preciso pouco pra viver em paz. eu quase larguei mão do meu orgulho ferido e quase te implorei pra você nunca me deixar ir sem sua mão. eu quase me apaixonei pela idéia que eu faço de você. eu quase chorei de emoção quando você me olhou tão profundamente e eu me senti completamente nua (e tua). eu quase perdi a razão quando tocou N só porque essa foi nossa quase música. eu quase desejei com todas as forças continuar ali, pra sempre, abraçada com você. foram quase 11 segundos de um quase-amor iminente quando a realidade despertou e gritou na minha cara que era hora de voltar, e o relógio quase voltou funcionar perfeitamente. são os quase milímetros de sanidade que nos deixa tão distantes a ponto da gente quase não conseguir se largar.é que o quase nunca é o inteiro mas eu quase gosto de me dividir em 2 metades pra que você sempre lembre que quase me tem inteira.
é porque eu quase morro de saudade do nosso amor que quase que nunca existiu.

"e agora como eu posso te esquecer? (...)"

...eu quase acredito que é possível não ser você

quarta-feira, 14 de maio de 2008

trem-bala

" A vida não pode ser apenas um hábito"
li isto num livro e fiquei pensando na profundidade da frase. filosofei, tentei discutir com aqueles que vivem a minha volta, ninguém me entendeu, obviamente, e eu dei risada, pra variar. me acostumei com ninguém entendendo realmente onde eu quero chegar. porque, diga-se de passagem, nem eu sei ao certo onde eu quero chegar. mas tudo bem, a vida é assim mesmo, somos no fundo uma espécie igual habitando o mesmo meio porém completamente diferentes e semelhantes. todos com os mesmos sonhos hollywoodianos, frustrações a parte, psicólogos aos que esperam tanto que esperam menos e não esperam nada. já que escrevendo ninguém me condena, faço-me feliz. me alivio do peso das palavras nas costas. faço rpg, acupuntura, terapia pra retirar a carga da responsabilidade de ser feliz. todos nós, protagonistas cosmopolitas dividimos um fardo. é farto para alguns que são deveras inconformados com o comodismo de viver. sempre tentei achar alguma explicação lógica pra se viver. não encontrei, mas no fundo, não significa muita coisa não viu. é tipo aquele cisto no canto do olho, que você se acostuma, mas às vezes, numa tarde de terça, ele te incomoda. só pra você se lembrar que ele ainda tá ali, óh! e você se pega chorando sem querer chorar, mas porra, porque que a gente é assim? como alguém pode se contentar em viver nesse mundinho de merda de faz-de-contas? respiro fundo! não conto até 10 porque essa contagem é mentira que acalma, e mentira me deixa irritada. pronto. meu coração desacelera a medida que minha boca vai ficando seca. essa minha ansiedade de viver tanto ainda me mata. pronto, passa essa minha crise existencial de não se encaixar em nada. então, eu leio. leio tudo, vivo de comer palavra-a-palavra de cada livro. procuro em cada canto de página respingada de sangue morno uma lasca de auto-conhecimento. e é incrível quando cada crônica se torna vício você encontra um pedacinho de você em cada uma dela. e quanto mais encontra, mais procura, porque a vida é essa busca incessante de entender pra que se vive. fecho os olhos, dói um pouco essa ferida exposta no meu peito. consinto a dor, o vento frio resseca as dúvidas da minha cara. e a rota do destino gira, e acho tão bonito e triste a impossibilidade de fuga...

quarta-feira, 7 de maio de 2008

não me deixe só

nesses últimos dias eu tenho cansado de ser eu. é, minha neuroses, meus pensamentos, minha indecência me pesam demais e é difícil ser eu mesma o tempo todo. ainda com toda essa mania de tentar me salvar de mim, de querer abraçar o mundo se, sequer consigo abraçar uma pessoa só. eu quero comer toda a felicidade pra acabar com ela rápido. porque alimentar uma ilusão é frustração na certa, aquilo fica embromando no estômago e não tem sal-de-fruta que alivie. ela te escapa por entre os dedos, escorre pela pia e eu não sei lidar com o fardo de uma alegria meia-boca. no fundo eu tenho medo. além de uma patética romântica eu ainda sou uma covarde assumida (brilhante, to me saindo melhor que a encomenda!). eu me apego fácil demais a tudo, então, prefiro simplesmente não saber do gosto doce da mentira que azeda quando menos se espera (na espera). eu te ignoro porque eu quero que você me ignore. eu tento matar esse amor em mim pra me livrar da incerteza. eu comprimo todo aquele sentimento no meu peito e deixo ele feito nó. engulo a vontade de chorar, de berrar pro mundo que a minha alma tá sufocada e quer se libertar. me escondo por de trás da minha máscara de forte e mal-humorada pra não ser descoberta. e eu sinto uma alegria tão fora do normal em saber que você existe que eu te odeio. odeio essa sua cara de pouco amor, cara de bobo porque eu não quero me prender nos seus olhos. eu desvio o olhar, estrago tudo mostrando pra você a inconseqüente que habita as minhas entranhas. tudo isso pra tornar mais fácil e solúvel a tristeza do meu peito. eu me afasto o máximo de você, aliás, to me lixando pra vaca que tá dando em cima de você, e o verme do ciúmes tá me corroendo mas eu sou puro veneno de antiamor. olho de soslaio pra garantir minha decepção e me livrar de você (de vez) o mais depressa possível. te conto a primeira coisa idiota que passa na minha cabeça desconexa pra você me absolver de mim mesma. réu culpada, pena capital! e você ao invés de me largar, me abraça e dá risada. você tá rindo de quê? hein?! ainda me diz que acha demais essa minha espontaneidade. você tem toda paciência do mundo em aumentar minha insanidade. não, seu besta! você tá fazendo tudo errado, eu sou mulher demais e você é um moleque. assim eu tento mais uma vez te fazer desistir de mim. desistir de entender minhas esquisitices. esse é o jeito estúpido que eu suplico, pelo amor de Deus que você nunca desista de mim.